
O teor de cafeína do chá
Uma das razões mais comuns para começar a beber chá é a procura de uma bebida com um teor de cafeína inferior ao do café.
Muitas pessoas são extremamente sensíveis aos efeitos da cafeína e preferem consumir bebidas que contribuam para o estado de alerta de uma forma mais suave.
No entanto, apesar das inúmeras descrições dos efeitos da cafeína do chá, existem poucos estudos científicos fiáveis que nos permitam contar com uma base de dados sólida sobre o conteúdo de cafeína dos vários tipos de chá.
A cafeína em diferentes tipos de chá
Um dos compostos que ocorre naturalmente na planta do chá, a cafeína é uma molécula incolor, o que significa que, em contra do que normalmente se costuma defender, o chá de cores mais escuras não tem necessariamente uma maior concentração deste composto.
Embora seja verdade que vários modos de processamento das folhas de chá têm efeitos sobre a concentração final de cafeína, segundo um estudo publicado no ano 2009, os fatores que mais influenciam o teor final de cafeína são a qualidade das folhas colhidas, a sua fase de desenvolvimento, posição no arbusto de chá, a estação do ano e o próprio clima no momento da colheita.
À procura de dados fiáveis
Para avaliar a concentração de cafeína em diferentes variedades de chá, podemo-nos basear em vários estudos científicos publicados durante a primeira década dos anos 2000. Em particular, um estudo realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade Nacional de Taiwan, uma investigação levada a cabo em Pequim, e uma comparativa entre 39 tipos de chás, realizada em Massachusetts.
Nestas pesquisas foram avaliadas muitas variedades de chá, e descrever os resultados obtidos para cada uma deles sai fora do âmbito desde artigo.
No entanto, as principais conclusões são as seguintes:
– A mesma variedade de chá pode ter diferentes níveis de cafeína. Por exemplo, um sencha pode conter desde 26mg/g até aos 32mg/g.
– O chá verde contém geralmente uma maior quantidade de cafeína que as outras variedades.
– A concentração de cafeína nos chás verdes varia de acordo com a região onde foram cultivados. Por exemplo, o chá verde Long’jing, originário de Taiwan, tem mais cafeína do que o chá verde de Zhejiang, uma região da República Popular da China.
– O oolong é, em geral, o tipo de chá com menor teor de cafeína. E quanto mais amadurecido for o oolong, menor concentração de cafeína terá.
– O mesmo acontece com o chá vermelho, cuja longevidade implica um aumento na concentração deste composto.
– Curiosamente, apesar de que os chás híper processados costumam oferecer uma menor quantidade de moléculas benéficas para a saúde, o chá preto em saquetas da marca Lipton, contém um elevado teor de cafeína.
Os benefícios de consumir cafeína
Para além de aumentar o nosso estado de alerta, a cafeína é uma molécula com características benéficas para a saúde.
E, de acordo com vários estudos recentes, quando atua em sinergia com as restantes moléculas presentes no chá, o efeito pode chegar a ser realmente relevante para a saúde de quem consome esta bebida.
Com características muito semelhantes à teofilina, um fármaco antiasmático, a cafeína é capaz de relaxar a musculatura dos brônquios, atuando como um broncodilatador muito útil para as pessoas que sofrem de asma.
Em conjunto com outra metilxantina presente no chá, a teobromina, está também associada à prevenção da acumulação de gordura nas células do corpo humano. O que contribui para a perda de peso e também para a manutenção de uma boa saúde cardiovascular.
E uma revisão publicada no ano 2006, afirma que, quando a cafeína, os polifenóis e a teanina, tudo compostos presentes no chá, atuam em conjunto, são mais efetivos na queima de calorias e na prevenção de tumores, que quando são ingeridos isoladamente.
O mesmo acontece com as doenças hepáticas. De acordo com um estudo publicado no ano 2005, na revista científica Gastroenterology, a ingestão de cafeína protege o fígado. Melhor ainda, uma investigação levada a cabo na Universidade de Zhejiang, na República Popular da China, indica que esses efeitos são mais pronunciados quando a cafeína é consumida em conjunto com as catequinas presentes no chá.
Quantidades recomendadas
Segundo a Agência de Normas Alimentares do Reino Unido, uma mulher grávida não deve ingerir mais de 300 mg de cafeína por dia, para minimizar o risco de que o bebé nasça com pouco peso. Não existe, no entanto, um acordo sobre a quantidade recomendada para adultos saudáveis, se bem que a maioria da literatura assume que não se deve exceder o consumo de 600 mg de cafeína por dia.
Cafeína escondida em vários produtos alimentares
Temos tendência a associar esta molécula com o consumo de café. No entanto, para além de estar presente também no chá, a cafeína esconde-se em alimentos tão comuns como um refresco de cola, uma bebida energética, e inclusivamente numa simples tablete de chocolate.
Para podermos avaliar o nosso consumo, podemos basear-nos, uma vez mais, nos dados divulgados pela Agência de Normas Alimentares do Reino Unido, sobre a concentração de cafeína em diferentes produtos:
- Xícara de café instantâneo: até 75 mg.
- Xícara de café de máquina: até 100 mg.
- Meia xícara de chá: até 40 mg.
- Copo de refresco de cola: até 40 mg.
- Copo de bebida energética: até 80 mg.
- Tablete de chocolate: até 50 mg.